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Folhas partidas
Monday, January 31, 2005
 
Quando a gente conquista, não tem ainda a pessoa amada. Em guerra, é mais árdua a ocupação do que a vitória militar (vide o atual Iraque).
 
 
 
 
Há obras difihceis de conceituar. Pensar É Fazer Música, por exemplo, de Paulinho Moska, está a meio caminho de rock e mpb, sem ser nenhuma das duas coisas.
De antemão isso já faz a gente ter simpatia pelas canções, antes mesmo de gostar delas (na época, a entrevista dele no Jô foi não menos estranha, pois parecia antes um filósofo do que compositor, e não deu outra, foi uma das de maior sucesso daquela fase do programa). Em Busca do Tempo Perdido está muito longe de ser um romance, no sentido tradicional do termo, e no entanto muitos (eu incluso) acreditam ser o maior romance de todos os tempos; não há como ou amar ou odiar, com tendência, pra quem gosta de literatura, pro amor, um livro como esse, que passa suas primeiras vinte páginas contando as "incríveis aventuras" na própria cama de um garoto que, tendo adormecido sobre um livro, agora meio que sonha sonhos eróticos. Só numa virada de lado da ersonagem, da esquerda pra direita na cama, Proust leva três páginas, uma viagem (sério). Poe dizia, e eu concordo, e Baudelaire concordou também e, mais que isso, fez uma tese a respeito, que toda beleza natural carrega um quê de estranheza. Narra a passagem num conto em que tudo na mocinha era estranho, e a cada peculiaridade dessas, o herói mais se apaixona, mais a acha bela, a ponto de a amar mesmo quando ela morre, não a lembrança dela, ela mesma, a ponto de ressuscitá-la: aspas seriam só por desencargo de consciencia, pois de fato a narrativa naun deixa claro se é sonho ou real. Parece lúgubre? Que nada, uma delícia. E por aí... Quinta sinfonia de Beethoven? Tres batidas numa porta, que se repetem aa exaustão. O blues do Mississipi, que gerou Blues (elétrico hoje, de Chicago), jazz e rock, punk e certa música que se faz hoje, sem estilo muito definido aliás (de algum modo, estranha), como a menina que esteve ontem no Fantástico, ou a de Joss Stone e algo de Alanis; numa primeira audição pra ouvidos despreparados, eu dizia, sobretudo em Robert Johnson, esse blues é muito chato, um verso que se repete e um refrão, ad infinitun -laralalara-tãntãn... Oh yeah, very strange.... =)





E quanto a cinema? Aqui há diferenças, mas o princípio permanece. Julia e Julia, que revi esses dias, talvez seja o exemplo mais significativo, em muitos sentidos. Com Katlen Turner e Sting, é um filme dificil de conceituar. Ora romance, ora terror, ora suspense, ora erótico, boa parte fantástico, sem nunca se definir por nenhum desses aspectos. Em termos tecnológicos, foi pioneiro na exibição de 1989, reservada a jornalistas e cineastas, para mostra dos processos inovadores da Alta Definição utilizados pela RAI. Isso o tornava bem estranho, pois era TV no cinema, e todavia de uma nitidez incômoda, que mostrava que não era cinema nem TV, mas ainda assim prendia, sabe Deus por que (estranhos) motivos. Por um pequeno detalhe, o espaço entre as casas, a gente intuia que era filmado no interior da Itália, e isso leva a a imagina-lo como agente do afastamento dos habitantes, aí eu pressentira Trieste, e confirmaria mais tarde a intuição. Trieste, da noite reluzente e dos dias oceanicos...



Nessa sessão futura (há uns três ou quatro anos), em que os cuidados técnicos esmerados subtraíram ao filme aquele halo de magia, substituindo-o por um tipo de video-tape grosseiro no vídeo, apesar de tecnologicamente de ponta, era algo como trocar a pintura de uma mestre pela foto da paisagem que o inspirou-, nessa outra sessão, quando Sting falava com sua própria voz o inglês original (na primeira estava dublado, mira mira, em espanhol), experimentei forte angústia, talvez porque, já conhecendo uma ficção e tendo aceito as horas que dentro dela passamos como um tempo vicário onde a ilusão assume o papel da realidade com o nosso aval, quando voltamos a nos deparar com essa obra, após termos visto os atores recebendo prêmios mundanos, em entrevistas ególatras, ou simplesmente em outros papéis, ou na futilidade de vidas sem qualquer papel no mundo, ao revermos assim essa ficção, depois que passou pela lisonja ou escárnio da crítica e pelo julgamento do tempo, e, sobretudo, quando somos forçados a nos ater a processos técnicos, a narrativa perde a dimensão de vida que virginalmente lhe concedeu nosso espírito numa primeira leitura, detemo-nos nos detalhes, tudo se torna por demais evidente como fruto do engenho humano, verossímil demais para ser verdadeiro. Você vê uma foto de Trieste e sabe que é real, coloque-se os efeitos que quiser. Programas que criam paisagens, fazem coisas belíssimas, tanto belas que entediam. Nas cidades verdadeiras, há vida, por entranha que seja, como no filme.



Alguém que nunca viu o mar e se delicia ao imaginá-lo pode não conseguir usufruir os seus prazeres quando chega enfim junto à rebentação. A masturbação de um adolescente é mais gratificante muitas vezes que as relações que manterá depois de adulto. E tudo isso sem duvida tem um quê bem forte de beleza, ou seja, de estranheza.
 
Sunday, January 30, 2005
 
Amar você por tanto tempo terminou numa impossibilidade, deixar de amar você. Assim como certas flores, durante o dia por causa do sol se abrem tanto e tanto que, mesmo aa noite, sem o sol, não mais podem se fechar completamente.
O que nos separa do espaço que nos circunda? Quão real ele é? Pressinto algo em meio aa névoa que, púrpura como outrora, não se dissipa. Não deveria ser possível tão facilmente ler dois poemas, seguidos... Como é preciso uma pousada antes de seguirmos viagem de manhã...

 
Saturday, January 29, 2005
 
Onde começa a arte? Há vida aí? O humano seria capaz de expressar o que tem tanto de sobrenatural? Comungar com a natureza, com a alma do outro, com as lendas em torno de nossa própria lenda pessoal... É o momento de parar. Olhar. E só continuar a caminhada tendo refletido essa magia de uma momento fundo do olhar.
Continuar...
Tudo o que fiz até aqui, algumas coisas que tanta inveja causam — viagens, livros etc — não lhes atribuo senão indiferente lembrança. O que importa: o impulso básico na direção de um resto de vida “normal”; uma casa, um trabalho, uma amada, um quintal....
 
Thursday, January 27, 2005
 
Revi Bladde Runner. O tempo e a vida subtraíram ao filme aquele halo de magia, - algo como trocar a pintura de uma mestre pela foto da paisagem que o inspirou -, porque, já conhecendo uma uma ficção dramática e tendo aceito as horas que dentro dela passamos como um tempo vicário onde a ilusão assume o papel da realidade com o nosso aval, quando voltamos a nos deparar com essa obra, após termos visto osatores recebendo prêmios mundanos, em entrevistas ególatras, ou simplesmente em outros papéis, ou na futilidade de vidas sem qualquer papel no mundo, ao revermos essa ficção, depois que passou pela lisonja ou escárnio da críticae pelo julgamento do tempo, e, sobretudo, quando somos forçados a nos ater aprocessos técnicos, - a narrativa perde a dimensão de vida que virginalmentelhe concedeu nosso espírito numa primeira leitura, detemo-nos nos detalhes,tudo se torna por demais evidente como fruto do engenho de uma humanidade vã,verossímil demais para ser verdadeiro. Alguém que nunca viu o mar e se deliciaao imaginá-lo pode não conseguir gozar os seus prazeres quando chega junto à rebentação.
 
Wednesday, January 26, 2005
 
se percebemos o processo, aquele que parte do instinto de conservacaun no sentido das mais sublimes alturas... Você, amado, foi renovado: zera, fica virgem de novo. Pode tudo, como um dia. Reconstruir-se, se preciso, ou só se aperfeiçoar. Aquele detalhe aas vezes pode ser uma coisa essemcial aaquela outra, digo nova, renovadora é melhor, pessoa, ali do teu lado, agora. Sexo é natural. Intrometer a mente eh interferir na sua plenitude. Já usamos intelecto demais pro controle de toda a atividade diária, de noite na cama, ah, devihamos de nos dar um tempo... Algo natural como dormir, e não há teses sobre o sono, ou há até, mas nada precisamos delas, precisamos simplesmente dormir. Dormir com nosso sono. Já o sexo não pode ser só com nosso desejo. Referido em seu sentido, como dizíamos, natural... Desempenho? quanto de desempenho precisaremos pra dormir, ou para comer um bife, ou para tomar uma delicioso copo de água?
 
 
Foi apenas ontem ou anteontem, mas passei a descobrir o que há de especial em minha vida hoje, sozinho. Ah, quantos aspectos bons de estar só... Vir ou ir pro centro de ônibus e não de metro, ou o inverso? Ta limpo. Em meia hora de descanso ir dada uma nadada sem ninguém achando que vc está indo dar uma outra coisa “Ada”, azarada ou paquerada no caso. Cinema em plena hora do rush (oras, justamente por causa da hora do rush...). Enfim, a lista é imensa. Sem incluir que nuan com quem discutir a relação, embora, guardando-se o nível, como no filme "Antes do Amanhecer" (e sua recente continuação), eu atém ache bacana. Que mais? Sozinho e mais fácil não ser sedentário. Só é mais viável encarar os obstáculos (a pessoa querida sempre diz isso naun é nada e tals,, o que te impede de encarar, assim saun alguns consolos...). Momentos de lazer são menos estressantes sozinhos, lazer estressante, pois é, passe o paradoxo. Férias pra mim, e faz tempo que naun passava uma de janeiro sozinho, são mesmo inquietantes, podem ser superperigosas, o tédio e a melancolia, perigosa mistura. Aí, só, saio. De repente, quanta coisa boa em estar só. Comer no self-service a qualquer hora, das 10 e meia da manhan ou as 4 da tarde sem alguém recriminar tipo: Mas isso saun horas? E de quebra podem olhar pra mim e eu olhar para elas sem que pareça traição. Enfim. Junto ou separado a vida tem momento ímpares e peculiarmente perfeitos. Há que se descobrir o que e onde, e naun, como cavalo no cercado, pensar na vida pelos campos e lá, ansiar a confortável gaiolinha. Viver a vida que se tem, o grande e insubstituível barato.

Você disse o que, sexo? Ahn... assim: nos próximos posts falo a respeito ok?
 
Friday, January 21, 2005
 
Cada vez entendo menos o discurso das felicidade que se propaga pela net. Não é claro pelo elogio em si da felicidade,
mas pela insistente tentativa de exclusão da tristeza. Como o bem-estar e a dor, não são coisas que se excluem. Toda a felicidade é tremenda justamente por carregar a própria tristeza, como uma forma de se preservar, como a escurisão garante a necessidade e a beleza da luz. Por isso, não só pelos cumes mas também pelos vales, as paisagens se fazem grandiosas.

Da mesma forma com o sexo, com o beijo. Coisa estranha esse beijo sem contexto, sem história, que existe como um ente separado de um relacionamento. Alguém que não tenha um relacionamento, tem prazer em beijar quem? vai a procurade alguém ou de lábios? pois se até as profissionais do sexo dizem que tudo pode, menos beijar... elas sabem... Beijar bem, ow qualidade estranha... Quem beija bem senão a pessoa que você ama? E adorar sexo, da mesma forma, supoe ter prazer em comungar a vida, pelo corpo, com alguém. Entaun,de fato, ninguém ama sexo, senão quando ama alguém.

Fora disso, é um hedonismo patético, mais talvez que a clausura.

Essa comunhão de si , por exemplo, é felicidade, bem-estar, que carrega em si a futura tristeza da ausência e a dor da saudade. Num mundo pleno há lugar para tudo, há tempo para cada coisa. Aí, todas as coisas são plenas exatamete por serem todas, a vida, uma só.
 
 
Calcei-me e saltei da cama, saí do hospital direto pra uma lan, viciado vírgula, exceto se for viciado em amizade,
EM AMIZADE, não em fotinha natimortas que estao por aí por todas as rtedes,do Orkut ao Multply passando pelo kipox e tralalá. Sabe como, aquela pessoa que vai além da foto, que liga, que na mesma cidade passa ou quando nao pergunta vez em quando como vc está, se estádoente, se está vivo etc... Que dá consolo na doença, pensa em ti antes de nele e todas essas coisas... Não, não bebi nada, nao bebo, cara... hehe. De lá, do consertador (ou estragador?) de gente, direto pra ver PERTO DEMAIS, que pelo que entendi é um antifilme de Julia Roberts estrelado pela própria. Diálogos fortes... Eita... Coisa rara e mais a Natalie Portman que vem a ser aquela menininha de O profissional (menininha mesmo, tinha uns 8 anos, hoje, bem, hoje, não é mais menina naun). Queria mesmo ver. Apanhei a mochila joguei as alças no ombro e fui dar de cara com uma fila que me tirou todo o desejo de ver filme; deixa ver o que temos no intercine hoje, A testemunha, ta valendo, aliás tem uma dança entre Harrison Ford e Kelly McGilllis que vale o filme cheio de toques sutis, delicioso, apesar das derrapadas básicas de filme dos home de L.A . À meia-noite tinha um encontro, naun sei se tenho ainda, vou fazer força. Tudo o que eu queria ao entrar no 1grau era a banalidade dos felizes, será que inda consigo? Não me interessava senão o pouco que a discriminação no mercado de trabalho já naun permite mas devagarzinho as editoras vaun percebendo, espero que os direitos naun fiquem pros meus descentes, os quais aliás naun tenho, mas sem dúvida se morrer bem de vida, ah, apareceraun, descendentes, mulheres, ex-mulheres, filhos legítimos e ilegítimos e sabe Deus...Por agora, em vez, a liberdade de longas estradas dando em lugar nenhum, em lugares-comuns: sequer freqüentei uma universidade (apesar dos muitos diplomas via monografias que por detalhes técnicos foram creditados a outros) ou a plenitude de minha alma freqüentei, e sinto não fazer sentido o legado de meus escritos dispersos. To cansaaaaaaaaado... A magia das palavras e a busca da metáfora perfeita marcam minha vida em fragmentos poéticos volatilizados na chaminé da fábrica que funciona em meu caderno (sim, eu tenho um caderno de papel e escrevo a bic), administrada pelo caos, misturados talvez à perspectiva de um salário de navalha pago antes da falência - ensangüentados crepúsculos solitários derramando-se em minha mente perturbada. E eu não estou sequer entre as melhores cabeças de minha geração, nem escrevi livrinhos de auto-ajuda perfeitos, ou dei entrevistas em programas na madrugada, nem ninguém me fez chorar no Faustão. Resta-me a idéia da vida legitimada após a morte; da ausência como única circunstância eterna (seremos meros acasos no mundo ou será o mundo o mero acaso em nós, pano de fundo das existências); de a perfeição possível ser póstuma, assim como a verdadeira vida: a imortal.
 
blog de Ricardo de Almeida Rocha Este ano: ricardr - rocha on the horizont mail: Ricardo

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