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Folhas partidas
Friday, March 25, 2005
 
Hoje, quinta feira santa, decidi colocar meus projetos em um papel, pensando: O que quer que eu pense fazer, terei aqui uma referência. Pensei ainda: Quero ir fazer a colheita do café em Minas e que isso seja um primeiro passo de nova independência financeira, se Deus quiser. O tempo deve ser remido em dias maus, mas ainda assim é preciso celebrar a vida. Ah, gostaria ainda de ter de novo uma mulher que me amasse, não cometeria, acredito, os erros do passado. Não posso adivinhar o futuro mas posso administra-lo conforme vá acontecendo, como um avião na tormenta muda os planos de pouso sem abandonar a idéia do destino. Reescreverei meus livros, mais curtos. A sorte é a união da oportunidade com o talento, e de ambos com muito trabalho.
 
Saturday, March 12, 2005
 

mel (a voz) ao sol Posted by Hello
 
 
De uma respiração tranqüila, Provém a luz dos olhos que reluzem. Costas prateadas. Cabelos sinuososComo os caminhos a que me leva. O que pousa no travesseiro é o deserto. Pleno de vida. E eu sinto amor, respiro amorPor favor não me digam que isso não é amor. É sim, um afeto especial, queimando, Mas também a generosidade infantil;Ah, e uma gentil necessidade. A questão agora é que, como o amor está mim,Não em você, você está livre;de resto, você é mesmo livre. E na verdade eu também: Bastará a lembrança, de um quarto, de uma cama, Da mesa e dos vestígios da fidelidade. Olha, olha a vidaDo destino aí representada, metáfora perfeita.Esse é todo o quarto, todinho... Eu imagino se daí haverá toda uma vida. Pra isso precisaria que houvesse a fé de alguém não mais nas estrelas. Isso um gesto aas vezes diz.Um abraço, um beijo, e até o gesto de um olhar. Não, a palavra aqui não nos vale. Muito menos a palavra em uma tela. Então, vamos tomar o café e ver se há ecos. Vamos tomar esse café antes de voltar Pro abismo da existência.

Teu pai está vagando por aíé um fora-da-lei, o que é imperdoávelnum mundo padronizado;Mas te deixou como legado essa belezaDe fazer as próprias escolhasQue bom que você é grata por issoTer aprendido coisas boas;E ser o que aprendeu (a parte mais difícil)Essa beleza, que é você, livre:Seu pai naun te protege maisE todavia aí está você, perfeitamenteProtegida, os estranhos assim permanecemOs chegados logo se descobremSua voz é um conforto, fugidioComo as coisas que ficam na memóriaSua lembrança é um conforto permanenteTrazendo de novo os atributos do mar:Misteriosamente profundo.
Temos agora de desligarMas sua voz continuará em mim Temos agora de desligarE voltar ao abismo da existência


 
Saturday, March 05, 2005
 

desde o primeiro momento, a amei: Posted by Hello
 
 
Impossível negá-lo. Amar assim corre em minhas veias como se fosse meu único habitat no imenso mundo. Estremeço a cada evocação dela. E me impus o sacrifício. Será decerto muito bom para meus livros. Há quanto tempo não pego em um caderno, não uso uma caneta, para escrever? Meu último romance inteiro é esse que está na net, quando ainda se imaginava que o e-book era uma revolução. O último projeto tinha tons sombrios que me envolveram e jogaram na cama, com os nervos em frangalhos. Curado, pensei comigo, sabe do que?, vou fazer qualquer trabalho voluntário, esquecer de mim, dar um tempo na literatura como catarse. Mas parece que é sina mesmo. Nem isso. Que tempo é este, que mundo é este?
Amei desde o primeiro momento. E a fidelidade que lhe devo é a da escrita, não a que se pressupõe da moral, mas uma outra, da qual se depende pra sobreviver. Não adianta procurar uma lógica nisso. É como a própria ficção: o autor fantasia mas é limitado pela verossimilhança, enquanto a realidade será sempre mais rica justo por não ter limitações nem precisar fazer sentido.
Assim, amo. E escrevo. E isso tem a mesma utilidade de uma flor no meio de uma floresta inacessível; ou de uma pedra iluminada pelo sol do deserto.
 
 

um riozinho de mato desafiando a lógica da metrópole
 Posted by Hello
 
 
Impossível negá-lo. Amar assim corre em minhas veias como se fosse meu único habitat no imenso mundo. Estremeço a cada evocação dela. E me impus o sacrifício. Será decerto muito bom para meus livros. Há quanto tempo não pego em um caderno, não uso uma caneta, para escrever? Meu último romance inteiro é esse que está na net, quando ainda se imaginava que o e-book era uma revolução. O último projeto tinha tons sombrios que me envolveram e jogaram na cama, com os nervos em frangalhos. Curado, pensei comigo, sabe do que?, vou fazer qualquer trabalho voluntário, esquecer de mim, dar um tempo na literatura como catarse. Mas parece que é sina mesmo. Nem isso. Que tempo é este, que mundo é este?
Amei desde o primeiro momento. E a fidelidade que lhe devo é a da escrita, não a que se pressupõe da moral, mas uma outra, da qual se depende pra sobreviver. Não adianta procurar uma lógica nisso. É como a própria ficção: o autor fantasia mas é limitado pela verossimilhança, enquanto a realidade será sempre mais rica justo por não ter limitações nem precisar fazer sentido.
Assim, amo. E escrevo. E isso tem a mesma utilidade de uma flor no meio de uma floresta inacessível; ou de uma pedra iluminada pelo sol do deserto.
 
 
Fez-se um momento átono ao som da chuva que não pára no Rio, desde a madrugada, e o quarto como que interrogou o passado. As paredes beges (ou que um dia o foram), a cadeira e a pomba que bate as asas na janela, o tic-tac que aumenta ou diminui de acordo com a hora, o som baixinho que alterna adágios e blues. O que devo esperar? Não há ênfase para nenhuma hipótese; mas espero, mesmo não liberto da premência física, na intuição e na eternidade de uma intuição, na coragem que provém do desencanto. Sinto o bater do coração com uma clareza, de tão singela, desumana. Termino o que deve ser meu último trabalho de ghost-writer e nem cogito sentir saudade, seja lá o que venha daqui – tem de vir alguma coisa, contra toda a expectativa cruel que a economia do País impõe. A última luz do dia revelou como sempre as partículas de pó do ambiente insalubre conveniente ao que se desenrola dentro da alma. Mas sempre há uma corrente contrária, como a que vi na volta pra casa, um riozinho de mato desafiando a lógica da metrópole, como aliás em nossa cidade aniversariante é freqüente acontecer. Há um cãozinho em meu mousepad, dormindo tranqüilo, e, vendo-o, contorno o desconforto físico, as decepções com as pessoas, as decepções que decerto também causei – fujo em meu espírito, como criança que estremece ao temer não a noite que desce, como agora, mas o brilho do futuro que nela se esconde.
 
Thursday, March 03, 2005
 

Cantico matinal Posted by Hello
 
 
Ontem, de minha fraqueza, enquanto amanhecia, houve o momento em que o sol se desligou da noite e o primeiro efeito foi o descontraste das estrelas em relação ao céu, preguiçosamente amanhecendo. Logo juntou-se a azáfama dos passarinhos. E o espaço entre os galos, que se houvera comprimido, voltou a se deslocar na distância, no frenesi da Natureza, que precedia o sol, como a introdução do rei no salão de festas após algumas danças. Fez-se uma daquelas ocasiões especiais em que o minuto que passou pouco apresenta em comum com o atual, e o seguinte terá seus atributos peculiares, distando uns dos outros não o período de tempo que realmente os separa, mas todos os séculos culminantes no Juízo. Meus sentimentos transmudavam conforme a atenção era desviada, ou para um canto mais sombrio do quarto ou para as grandes esperanças traduzidas nos primeiros raios do sol tangendo quadraturas, diante das quais o mar bramia para o infinito seu refrão eterno de laudes dulcianas.
 
blog de Ricardo de Almeida Rocha Este ano: ricardr - rocha on the horizont mail: Ricardo

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