<$BlogRSDURL$>
Folhas partidas
Thursday, October 27, 2005
 
Contrastando com a banalização do verbo amar, hoje é raro encontrar quem acredite no amor – eis em resumo a tese do livro “SLUT – Sexually liberated urban teens” Se é assim, fico imaginando o porquê e concluo que é uma coisa meio assim de despersonalizaçao.

Justamente quando o avanço tecnológico permite mais e mais liberdade para as opiniões (como na fantástica virada no Não no referendo), os comportamentos, ao contrario, estão cada vez mais padronizados, previsíveis e retrógrados (inclusive ou sobretudo os dos tais TEENs do livro (tradução duvidosa para o portugues: “TEEN – Transei E Esqueci o Nome” (Ediouro, 2005), de uma mesmice total.

É por exemplo cada vez mais raro encontrar aquela pessoa especial porque ser especial é uma forma tb de ser diferente, ao que poucos se arriscam. Aí vemos essa contradição em termos que é todo mundo ser – dizem- especial.

O lance Teen do transei e esqueci descrito por Beckerman não generaliza a questao no sentido físico – nem todo mundo que se apaixona e esquece chega a fazer sexo com a pessoa por quem se apaixonou - mas há sim uma generalização quanto quanto ao valor maior que se dá a palavras do que a ações amorosas (ou seria impossível esquecer), do quanto é mais fácil lamentar o passado (do contexto da paixao – supostamente sem futuro) do que visualizar o futuro da paixão, a consolidação na vida de um relaconamento que de antemão se rejeita. Mas as coisas não são bem assim. Lamenta-se a lembrança porque não se tem esperança, do sonho adaptado aa vida, da´-se mais valor a beijos do que a atos -não físicos – de amor, porque mais cedo ou mais tarde a gente mostra, por ação ou omissão, por lembrança ou esquecimento, o que de fato se sente e se é (do que esquecer o nome é só um sintoma radical).

Eu diria que quem ama s expoe, o que é exatamente o contrário da despersonalização, é a própria peersonalização, é o dar a cara pra baterem (ou acariciarem) – é tanto se expor aa emoção e prazer quanto ao desamor, aa pessoa que te esquece ou nem chega a ter tempo de te guardar, e isso dói – assim esses jovens, “espertos”, esquecem antes.

De repente, percebo que amei e perdi, mas se mantenho a lembrança, de fato, jamais perderei aquela vivência. Que me amaram e esqueceram mas, e daí, se súbito, como ontem, ao você inesperadamente chegar na galeria, estou pronto para amar de novo? Estar pronto não é amar, mas sem dúvida está mais perto do que as lamentações. Percebi estar pronto não por ser volúvel, mas pq não quero ser prisioneiro em uma cela aberta. Percebi quando, ao inesperadamente chegar, vc mudou a quarta feira, que anouiteceu livre. Porque não é preciso que a gaiola esteja fechada. Basta que o alpiste seja farto e isso me baste, ou seja mais importante que o voo, basta que a gaiola esteja num lugar protegido, que não me exponha. Não adianta termos asas se, julgando-nos prisioneiros, nem tentamos voar.

Pode ser que nada aconteça entre nós, que a quinta desminta a quarta, seria então o sonho em vão? Mas o sonho nunca é vão, pq, enquanto dura, transforma-se em realidade. Irrreal é a ausência de sonho, a vida resumida aa satifação de necessidades, que, uma vez satisfeitas, se esquecem. Aí sim, não há vida. Inesperadamente, portanto, ao ver teu perfil, renasci. E lembrarei sempre do teu nome, porque, quando o pronunciei ontem, eu estava vivo ou, se não estava, renasci.

O que existe no mundo capaz de me fazer dizer “não posso”, exceto a falta de memória, que me faz esquecer que ontem eu tudo podia, e a vida não faz (nós sim) distinção de tempos, entre o ontem e o amanhã. Sempre se dá um jeito de lembrar do que somos e podemos, que será o mesmo de dar um jeito de viver.

Entre plenas memória e esperança podemos dizer que somos felizes. Porque a desgraça humana é esquecer, recusar o sonho, não ter esperança.

Não pode haver história de vida sem lembrança e a memória do amor, a lembrança e a esperança, são o próprio amor – que dá sentido a toda história de vida que se recusa a fazer da vida a simples satisfação de necessidades.

E, se a lembrança traz saudade, a esperança é a saudade do que ainda não se consumou no mundo físico- mas a esperança traz até nós, como se tivesse sim acontecido. O ontem e o amanhã se tornam hoje e não há felicidade maior que todos os tempos da vida serem conjugados num só.

Amo porque não esqueço, vivo porque amo, esquecerei talvez quando morrer, o que está muito longe de ser o caso.
 
blog de Ricardo de Almeida Rocha Este ano: ricardr - rocha on the horizont mail: Ricardo

ARCHIVES
04/01/2004 - 05/01/2004 / 05/01/2004 - 06/01/2004 / 06/01/2004 - 07/01/2004 / 07/01/2004 - 08/01/2004 / 08/01/2004 - 09/01/2004 / 09/01/2004 - 10/01/2004 / 10/01/2004 - 11/01/2004 / 11/01/2004 - 12/01/2004 / 01/01/2005 - 02/01/2005 / 02/01/2005 - 03/01/2005 / 03/01/2005 - 04/01/2005 / 06/01/2005 - 07/01/2005 / 10/01/2005 - 11/01/2005 / 11/01/2005 - 12/01/2005 / 12/01/2005 - 01/01/2006 / 01/01/2006 - 02/01/2006 / 03/01/2006 - 04/01/2006 / 04/01/2006 - 05/01/2006 / 05/01/2006 - 06/01/2006 / 06/01/2006 - 07/01/2006 / 07/01/2006 - 08/01/2006 / 08/01/2006 - 09/01/2006 / 09/01/2006 - 10/01/2006 / 10/01/2006 - 11/01/2006 / 11/01/2006 - 12/01/2006 / 12/01/2006 - 01/01/2007 / 01/01/2007 - 02/01/2007 / 11/01/2008 - 12/01/2008 /


Powered by Blogger