<$BlogRSDURL$>
Folhas partidas
Friday, November 11, 2005
 
Sinto falta de casa, de quintal, de crianças ao redor, de filhos amigos, sinto falta de revolução a partir das atitudes cotidianas das pessoas (o fim do mundo - de um mundo que é necessário destruir pra deixar nascer um novo- não nas explosoes mas num suspiro). Sinto falta de bichos, de passear no orvalho – aas vezes a saudade ou anseio que a gente sente não é de outra pessoa (especial que seja), mas da vida em geral, dos hábitos – esses tais que abominamos mas somos deles dependentes – das coisas enfim que eventualmente poderiam existir mesmo sem essa pessoa. Amamos no outro o q estah em nós e essa pessoa apenas reflete?




Mas também sinto tua falta, quase irrespirável, falta específica, de um cheiro nos cabelos, da curva da cintura, de mãos, e braços e pernas, e voz, e um cheiro de suspirar, quase acordando, e a forma como gostamos das mesmas coisas e discordamos quase de tudo e como caminhamos em meio ao mundo, esse tal que vai esgotando todas suas reservas, desde as naturais até as de justiça.




Quero não precisar do celular nem da internet nem de sinais de fumaça que desgastem o velho umbral, quero não precisar de uma cumplicidade que, por gentil que seja, sempre se referirá a mim como "o outro", que tem a ver com "do outro mundo", que tem a ver com "aa margem, longe deste" . Queria uma vida que, se for indefinidamente nao vivida, um dia explodirá pelos becos, não é impossível pra sempre evitar o fogo da escória.

Sinto falta de um café da manhã contigo.


Mas nesse momento, os jornais não falariam do fogo em Paris, que é a manifestação física da sociedade seletiva que decide quem pode trabalhar, morar, comer, estar onde e com quem, que exclue e inclui segundo critérios em que parte da humanidade mal sobrevive para outra poder ler a Caras, porque tudo o que é excesso de um é tragédia para outro, a falta que sinto é algo que alguém tem e indevidamente vive.




Ou a gente não sabe que vai chegar uma hora em que a França entre nós arderá? Que descartar pessoas é preparar o fogo? Que fidelidade tem a ver com sentimento e felicidade, num sentido pleno que se faz utópico num mundo de revolucionários assolando o poder, está na noção de justiça?




Mas até lá, até que o fogo consuma os hábitos consagrados pelos pequenos donos do mundo aa nossa volta, sinto tua falt, que é um pouco a falta de coisas que existiririam sem você, que é a falta de você, mas em sua plena força, é a força essencial (quando sobrevivo a todas as exclusões que me impõem) de minha solidão.
 
blog de Ricardo de Almeida Rocha Este ano: ricardr - rocha on the horizont mail: Ricardo

ARCHIVES
04/01/2004 - 05/01/2004 / 05/01/2004 - 06/01/2004 / 06/01/2004 - 07/01/2004 / 07/01/2004 - 08/01/2004 / 08/01/2004 - 09/01/2004 / 09/01/2004 - 10/01/2004 / 10/01/2004 - 11/01/2004 / 11/01/2004 - 12/01/2004 / 01/01/2005 - 02/01/2005 / 02/01/2005 - 03/01/2005 / 03/01/2005 - 04/01/2005 / 06/01/2005 - 07/01/2005 / 10/01/2005 - 11/01/2005 / 11/01/2005 - 12/01/2005 / 12/01/2005 - 01/01/2006 / 01/01/2006 - 02/01/2006 / 03/01/2006 - 04/01/2006 / 04/01/2006 - 05/01/2006 / 05/01/2006 - 06/01/2006 / 06/01/2006 - 07/01/2006 / 07/01/2006 - 08/01/2006 / 08/01/2006 - 09/01/2006 / 09/01/2006 - 10/01/2006 / 10/01/2006 - 11/01/2006 / 11/01/2006 - 12/01/2006 / 12/01/2006 - 01/01/2007 / 01/01/2007 - 02/01/2007 / 11/01/2008 - 12/01/2008 /


Powered by Blogger