há um momento em que sumir é tudo
e arrasta os planos mas não em si
porque sumir não compreende planos
porque sequer é um plano e foge
por entre as cinzas dos desejos
e ansiedades que no vazio culminaram.
há um momento em que o vazio é tudo
e encheria a vida se vazio não fosse
porque quando tudo se torna em nada
nada a esperar exceto o passar do tempo
levando a lugar nenhum, lugar-comum
e aí eu faço a minha cama
Há esse momento em que é preciso crer
e não há mais em quem, se alegrar
contra o desespero e não há porquê
dizer meu amigo não é o fim, minha amiga
fica comigo por favor. E silencio
tive uma crise de nervos e patético fui
- não vos comove isso, vós que passais
pelo caminho? vede se há dor maior...
mas não... se afastam e partem, retomam
seus afazeres. as vezes pra ser fiel
a si mesmo é preciso ser incoerente
e fidelidade é antes a um princípio
que à palavra - duro pois
quando o princípio também foge.
Há um momento em que morrer é tudo
e a vontade podia ser tal que a gente
pudesse apenas segurar a respiração
e morrer. mas morrer não é cumprimento
de uma vontade, e como o amor desejado foge
e virá decerto quando eu não o queira mais.