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Folhas partidas
Saturday, February 26, 2005
 

vidigal bom de onda, uma pintura  Posted by Hello
 
 
Que saudades do tempo em que as empresas tinham chefes, com rosto, nome e endereço, antes desses fenomenos patéticos como terceirização, consultorias, assessorias, automaçação, pós em pós (e naun é casual que o nome signifique outra coisa tb) e toda essa parafernáflia pós (moderna), antes do fenômeno lisérico da globalização: o ácido despersonaliza, nos sentimos um como o Todo, com cada coisa; a globalização também, para integrarnos ao nada.
Lembro de minhas entrevistas de trabalho mais antigas. Chegava a ir no DP (hoje carinhosamente eufemizado de RH) apenas pra registro, tudo já estava decidido pelo entrevistador, que tinha um rosto, que tinha um nome, mas que acima de tudo representava alguém com rosto e nome, que por sua vez representava a empresa. Hoje não é assim. Por exemplo, todo mundo reclama dos atendimentos de serviços públicos como a Telemar, mas ninguém se questiona pq é assim. Sim, que tipo de mérito tem de ter alguém que se limitará a decorar algumas frases-padrão (como "saun diretrizes da empresa") e JAMAIS entabulará um raciocínio sensato com você? Inutil chamar o gerente, ele não sabe muito mais. Ambos foram selecionados não pra informar mas ocultar a informação, cuja revelação jamais interessa aa empresa, donde se imagina o quao escusos sao seus interesses.
Entaun quem saun os candidatos ideais? nao os muito sábios, nem os muito loucos, digamos assim, interessam os standard... luxo ou lixo nem pensar. O problema começa quando entra a questão de quem decidirá o que é uma ou outra coisa. Na minha entrevista, os deuses foram 3, como sói acontecer com na religião. A chefe do RH, que afinal me queria mas não foi convencida, o consultor literário que supostamente devia me avaliar enquanto consultor literário, o único do País, segundo eles, barbudo, de uma bem cuidada barba querendo engrisalhar. Mas quem decide mesmo é o executivo (ah, um executivo é tudo igual, diretor, presidente, saber-se lá) cuja pergunta mais instigante foi "quando vc for escolhido fará a barba todo dia?" Sim, o outro é barbudo. Parâmetros da sabedoria academica compossível MBA em humanidade.
Ninguém passa com indiferença por alguém que faça diferença, seria uma contradição de termos. Então, num primeiro momento se entusiasmam, no momento de decidir, entra em vigor toda a estupidez de que se é capaz quando julagamo-nos uns aos outros. A diferença é que nós, julgando essa estupidez, estamos apenas constatando um fato segundo uma impressão pessoal que não tirará o emprego de ninguém. E o pior é qwue eu estava tão quietinho no meu canto, decidido a começar o ano com outro tipo de trabalho, em locadora, algo que prometia, mas voltei ao zero, porque telefonema pra avisar o resultado, conforme prometeram? pode esquecer, seu inútil, esse dever não consta nos diplomas.
Patéticos e sublimes têm esse dom de fazer diferença, mas os normais em sua serena seriedade, os que decidem, esses tem o dom de ignora-los e ao próprio Deus caso descesse e não tivesse uma credencial tipo "mestrado em criação de universos", caso não submeta aaquerla sabedoria asséptica e trate de arrumar uma nova cruz que torne a chamar a atençao do mundo, se é que ao mundo restou alguma, ou, enfim, aceite fazer um curso profissionalizante em divindade. E esperar que a vaga apareça, porque os homens não andam precisados de alguém assim.
Os normais são assim. Não se desesperam, estão sempre felizes e sabem sempre a frase de mais efeito (enquanto frase, mesmo que sua aplicação prática seja nenhuma). Tem sempre uma palavra da hora pescada dos lugares-comuns, e, em geral, por afinidade como seus entrevistadores, passam na seleção de trabalho, aliás, em geral, são, uns e outros, os que já comem fígados e puxam tapetes hah algum tempo ou os que estao agora iniciando, totalmente generalizáveis.
Ousar em tudo é de nada precisar mas paradoxalmente é quase tudo perder. Vale pra trabalho mas tambérm pra coisas de que o trabalho hoje rouba pessoas. Por que naun há mais poetas como Poe e Rilke, escritores como Clarice e Dostoievski, porque em vez de ficarem pra posteridade cvomo histórias trágicas ficam, sem necessidade de posteridade, como um "exemplo de sucesso" da Você SA? Uma das razões, além das implícitas no antes mencionado em texto, é que -, ao contrário daquelas pessoas diferentes, - estaun em casa, "guardados por Deus, contando o vil metal".
Mas estou aqui, vivo e ainda de um modo ou outro incomodando, sobrevivente, e isso é minha tímida "vingança". Mas nem vou curti-la muito naun, nao vale a pena, semana que vem começo o trabalho voluntário

 
Monday, February 21, 2005
 
Alguém hoje me perguntou há quanto tempo que eu me separara. Diz que meus textos sangravam. Pode ser. Não sei se tem a ver com o tempo da separação, terá? Sangro ainda, desde então, mas talvez antes, sabe Deus, sangro, é assim que vivo, sangro.
 
Saturday, February 19, 2005
 

isso eh blues Posted by Hello
 
 
Alguém se lembra? ??

Once I lived the life of a millionaire,Spent all my money, I just did not care.Took all my friends out for a good time,Bought bootleg whisky, champagne and wine.
Then I began to fall so low,Lost all my good friends, I did not have nowhere to go.I get my hands on a dollar again,I'm gonna hang on to it till that eagle grins.
'Cause no, no, nobody knows youWhen you're down and out.In your pocket, not one penny,And as for friends, you don't have any.
When you finally get back up on your feet again,Everybody wants to be your old long-lost friend.Said it's mighty strange, without a doubt,Nobody knows you when you're down and out.
When you finally get back upon your feet again,Everybody wants to be your good old long-lost friend.Said it's mighty strange
,Nobody knows you,Nobody knows you,Nobody knows you when you're down and out.
(By Jimmy Cox)

Isso é BLUES


Postado por

Ricardo

de Almeida Rocha


ouvindo Ericx Clapton, músicas de "From the candle",
 
Wednesday, February 16, 2005
 

depois da entrevista  Posted by Hello
 
 
Fiz ontem a entrevista de trabalho. Estava sereno, cheio de esperança, mas sem colocar a vida nessa esperança não. Antes, encaminhei-me, com postura e respiração de peito, para um ronda que me deixasse nos andares vizinhos, pronto a parar em qualquer lugar em que houvesse expresso. Passando por uma banca de jornais, soube do assassinato da freira, e pior, morte anunciada, segundo parentes. A vida está bem estranha. O shopping mesmo mostrava pessoas numa luta frenética via celulares e cafés. Longe do andar dos cinemas, o redor parece outro. Ali, a terra do nunca e o milionário, vale dizer, o sonho. Tudo sob o mesmo teto. É como se eu fosse um grande sonho, essa movimentação existencial, e o cinema um intervalo em tal “sono”. Enfim, é guardar os rebanhos pelas vigílias da noite, como quem guarda silêncio perante uma sentença. Não desejaríamos que anjos venham sobre nós e a glória divina nos cerque de esplendor? detendo-se os céus afinal, te chamem ao telefone não como o propósito corriqueiro de nos distrair; mas se, como eu, esperares, se em silêncio esperares, os anjos enfim dir-te-ão, de um modo ou outro dirão, que trazem grandiosas notícias. É apenas no que espero.
 
Sunday, February 13, 2005
 
Revoluciones saun transformaciones sociales radicales y aceleradas hechas de circunstancias, no siempre, o casi nunca, o quizás nunca son maduradas y previstas cientificamente.
(Che Guevara, “Pasajes de La Guerra Revolucionaria”)


Ainda hoje, de modo geral os blogs são tratados no Brasil como diários de adolescentes, e de fato não há por aqui nada que faça supor devesse ser diferente. Edgar A. Poe disse que há dois tipos de leituras: as que nos dão matéria para reflexão pelo que dizem; e os que nos dão matéria de reflexão pelo que poderiam ter dito. Disse ainda o autor do Corvo que os jornalistas são como deuses que se dilaceram em mil pedaços todos os dias, mas a cada manhã acordam saudáveis. O que ser "saudáveis", no caso, hj? Com saúde, vale dizer "bens de vida"? Escreveu em Baltimore no século passado. Não sei como é ou era por lá em sua época. Sei como ele morreu, cheio de ópio e completamente sozinho, o que me leva a crer que não era muito diferente daqui, hoje. Era um grande jornalista, o maior de seu tempo, como foi o inigualável poeta que foi. Teria feito blogs fantásticos, se vivesse hoje.

Falando em deuses, portanto, com honrosas exceções, jornalistas são idólatras de si mesmos, donos da verdade a tal ponto que a manipulam como querem antes de passa-la democraticamente (pilares que são dessa mesma democracia) ao público; são uma elite intelectual soberba que brada contra tudo que não esteja de acordo com seus cérebros privilegiados, querendo ver o circo pegar fogo para enfiar num close o microfone na cara chorosa do palhaço, que, sim, somos nós. E pensar que essa foi a minha profissão por dez anos, até entrar em vigor a obrigatoriedade do diploma, outro item superdemocrático. Embora eu quisesse ser livre e sendo os órgãos de comunicação servis, era o que eu sabia fazer, embora tivesse uma visão distorcida da realidade ao expressá-la como a edificação de um significado, o que, pra fazer justiça aas tais das exceções, num domingo desses uma colunista chamou com muita procedência de "afirmação espiritual da existência", citando Kafka, luxo que naturalmente não estava nas páginas do jornal mas na sua revista de domingo, onde se pode, pra variar, descer do Olimpo e exercer a humanidade plena.

Se os blogs têm uma primeira virtude essa é decerto libertar a sociedade das amarras do jornalismo como única fonte do que acontece no mundo. Talvez amanhã, quem sabe, não precisaremos mais recorrer a jornais ou a portais para saber acerca de qualquer coisa. As vantagens disso? A primeira delas é anárquica, não depender desse quarto poder, que vezes tantas é o primeiro mesmo (lembram da docilidade do presidente tendo como primeiro compromisso ao assumir dar entrevista no Jornal Nacional?). Outro dia, num matutino, em editorial, dizia-se que determinada é técnica e como tal não pode sem dano ser tratada como ideologia. Seria sensato. Mas e o que faz a mídia com praticamente tudo? Por causa, claro, da influência que terá no dia seguinte. "Deu no jornal" é mais importante do que alguma coisa simplesmente acontecer, e aqui me vem aa cabeça que uma mordida de cachorro pode sim, ao contrário do que se ensina na faculdade, ser muito mais importante do que um homem morder um cachorro, dependendo dos personagens em questão.


Entretanto, temos um Brasil que é dominado há décadas pelas mesmíssimas famílias e grupelhos, que repartem esse poder sob o olhar condescendente de nossos grandes intelectuais, que, aliás, participam do processo. Então, surge a internet e com ela a perspectiva de isso mudar, como de resto está mudando no mundo. Fora algum exagero, os blogs podem ser sem dúvida, de alguma forma, revolucionários. Daqui a alguns anos há grande chance de as notícias estarem mais discutidas nas páginas pessoais do que na mídia oficial.

Isso não teria sentido no Brasil, pelo menos hoje não teria. A mídia é repartida entre os poderes e os intelectuais que antes participavam apenas das redações, hoje são cúmplices desse processo diretamente da internet. Pegue um site como o Nonimino, uma unanimidade em termos de Notícia e Opinião na rede. O que se vê? Exatamente os mesmos colunistas da mídia tradicional. Mais que isso, quando um deles se dispõe a falar dos blogs, o faz com tanto tato, contornando melindres, com tanto respeito pelos blogueiros "oficiais", que dá pena, pena de nós, de nossa distância de alguma perspectiva de igualdade ao menos digital, que tantos de nós sonhamos.

São sempre os mesmos os blogueiros citados, como são sempre os mesmos colunistas, como é sempre a mesma mídia. Porque os nossos blogs, como regra pelo menos (graças a Deus pelas exceções) têm sim o espírito de diários de adolescentes e terminam por ser não uma revolução, mas outra face do elitismo que reparte a mídia, e agora a rede, entre uns poucos. Aqui, bem entendido. Porque no 11 de setembro, por exemplo, havia blogs que questionavam a política externa de Bush, em pleno frigir dos ovos! Outro dia a “revolução dos pijamas” (como foram chamados os blogueiros com causa) derrubou uma autoridade midiática não mto amiga da verdade. Se a mídia tradicional mantém a velha abordagem maniqueísta, vem de uma parte dos blogs em algumas partes do mundo uma nova visão desse mesmo mundo.

Infelizmente, esse elogio aos blogs, ainda está no círculo vicioso de uma internet que apenas consegue reproduzir os males do chamado mundo real, na desigualdade de oportunidades, na discriminação, no elogio da mediocridade etc - que nada mais é que um retrato da nossa cultura acadêmica, que por sua vez é o que se sabe, uma universidade falida, que deseduca, bem de acordo com a ideologia vigente, onde não interessa que muita gente possa questionar o sistema de coisas.

O silêncio de quem silencia pode ser sábio ou simplesmente falta mesmo do que dizer. Pode ser cauteloso, equilibrado, ou covarde. Depende. Prefiro crer como Jorge Luis Borges que em vez de deixar a vida como está para ver como é que fica, com paciência e trabalho conseguir realizar as mudanças necessárias na sua vida e no mundo à sua volta, a seu tempo. Por exemplo, houve até tempos atrás no próprio Nominimo uma coluna sobre tecnologia que era um consolo a gente ler: era um blog, um blog especializado em tecnologia, mas que mantinha a visão de que a tecnologia sozinha não socorre, é preciso que as pessoas ajam de acordo com as inovações, que sejam elas mesmas revolucionárias antes, para que a tecnologia também o possa ser. Dvorak foi outro que teve a coragem de apontar, na época, a arrogância dos yuppies do dinheiro fácil que faliram com a quebra da Nasdaq, deixando os restaurantes da moda de novo acolhedores para os casais românticos. Enfim, hoje, como no Observatório da Imprensa, na net e na TV, dentro do possível, a crítica da mídia e o elogio do blog começam a ser feitos na própria mídia, aos poucos, aqui e ali, timidamente ainda, mas talvez as revoluções sejam assim mesmo no começo.

Não estamos fadados a não ter esperança. Há sim movimentos contra a corrente, nos blogs, amigos sem serem de panela, que suavizam nossas vidas discretamente; nem ausentes, nem presentes demais. Não são arrogantes, não se acham bons demais pra saírem de seus pedestais e terem por exemplo, de responder um e-mail ou comentário, responder, interagir, princípio básico de revolução na comunicação on-line, feita por pessoas, não por tecnologias. É possível por tudo isso acreditar a informática, nesses anos de sua efetiva utilização pela sociedade, termine enfim por trazer a cada vez mais gente, desenvolvimento além do progresso, para que o futuro seja, pelo menos, melhor do que o passado. Nesse contexto, os blogs serão efetivamente revolucionários, tanto que se já existe essa maneira revolucionárias de estar na rede, os sites de relacionamento, em que os blogs, tem o seu papel essencial, e amanhan que sabe o tenham cumprido.

Porque os blogs, sem serem pilares de nada, e apesar de, como toda revolução, estarem sendo absorvidos pelo Estabelecido, são ainda marginais, não envolvendo interesses de subsistência e poder; e os blogueiros - não todos, é claro, não aqueles que fazem blogs sonhando em ser também amanhã o quinto poder ou algo assim - ainda podem ser reflexo do mundo sem diplomas e vínculos políticos e publicitários, sujeitos portanto a serem eles próprios, com rasuras e correções.
 
Wednesday, February 09, 2005
 
Sexo... momento fugidios, fusão e pouco mais, mas é claro, muito mais, se percebemos o processo, aquele que parte do instinto de conservacaun no sentido das mais sublimes alturas... Você, amado, foi renovado:
zera, fica virgem de novo. Pode tudo, como um dia. Reconstruir-se, se preciso, ou só se aperfeiçoar. Aquele detalhe aas vezes pode ser uma coisa essemcial aaquela outra, digo nova, renovadora é melhor, pessoa, ali do teu lado, agora. Sexo é natural. Intrometer a mente eh
interferir na sua plenitude. Já usamos intelecto demais pro controle de toda a atividade diária; de noite na cama, devihamos nos dar um
tempo... Algo natural como dormir, e não há teses sobre o sono, ou há até, mas nada precisamos delas, precisamos simplesmente dormir. Dormir com nosso sono. Já o sexo não pode ser só com nosso desejo. Referido em seu sentido, como dizíia, natural...

Desempenho? quanto de desempenho precisaremos pra dormir, ou para comer um bife, ou para tomar uma delicioso copo de água?
A arte e o sexo, daí, a música, a leitura (mesmo na net), a pintura
(idem) e mais ainda o pintar, o compor, o escrever... são coisas com o mesmo objetivo, a satisfação das pessoas... tanto a sensual quanto a afetiva - e aliás bem comum essa coisa de sublimar em poesia sobretudo, transferindo-lhe o papel do amor. Muito comum. E creio ainda que sim se pode ser celibatário. Precisaria a pessoa entretanto estar entranhda de ideais e possivelmente idealizações. E um grande tanto da solidão total, a que os santos chamavam de noite escura da alma, solidaõ que permite a nossa prórpia presença, o que é bem raro, sim, nunca estamos de todo em nós, sobretudo com essa infinidade de brinquedinhos da dispersao, do celular aa cameras digitais, que deviam ser fonte de progresso também em nós, mas naun há tecnologia que o garanta, ainda e sempre, com a tecmologia superdeponta, será o homem quem mudará ou não, que crescerá ou naun.

Orgulhemo-nos de ser, em sexo, como os homens das cavernas e os artistas de temas eróticos entre eles, como aqueles dentre eles que faziam desenhos nas paredes das cavernas.
 
Monday, February 07, 2005
 
OBS: A imagem abaixo do texto a seguir não foi a escalada que fizemos nesse findi, mas ilustra metaforicamente o texto, ok? =)


Num mundo em que o valor maior é o que as pessoas acham das outras pessoas, qual seria a relação entre essa preocupação constante das pessoas em fazerem as coisas tendo por motivação a opinião dos outros, o desenvolvimento pessoal e o sucesso? Se esse show (da realidade?) diário não serve para quase nada em qualquer sentido que se queira observar, até porque seu intuinto naun é filosófico - se fora, quem sabe, a gente podia ver prismas de como a manipulação é maléfica e a nada leva, por exemplo - (exceto talvez para o Bial e a Capucci mostrarem como um profissional pode por em risco a credibilidade conseguida ao longo do tempo e pagar tamanho mico sabe-se lá em função de que compensação), há um aspecto pedagógico que se pode analisar a partir desse "sucesso", do programa ou do grande vencedor, porque no dia seguinte no jornaleiro não haverá como não ver a manchete estampada na Primeira Página – aquela que já foi título de um clássico do cinema, mas hoje não é rigorosamente mais nada, exceto um emblema de qualquer outra coisa jamais pilar da sociedade justa e - seja lá o que queira isso dizer - democrática.

Segundo Piaget, inteligência se consiste fundamentalmente em adaptação. Estruturar o universo seria sua função primordial. A construção do mundo objetivo e do pensamento lógico advém da perda do egocentrismo, um momento em que aprendemos justamente a nos desprender da opinião dos outros. Quando a criança não consegue ultrapassar o pré-lógico, mágico, confundindo o real e o irreal, não segue adiante em seu desenvolvimento natural. Desenvolvimento, por sua vez, supõe duração. Existem possibilidades de aceleração ou diminuição desse desenvolvimento temporal e, se sim, que medida? Se a inteligência descarta o tempo real, poderia ser porque a destinação do entendimento o exige. Para ele, a inteligência retém uma série de posições, um ponto depois outro, e entre esses pontos o entendimento intercala novas posições, e assim sucessivamente.

Caso a inteligência note o momento da passagem, se não está absorvida pela duração, limita-se a constatar a simultaneidade das paradas virtuais: parada sobre o móvel que considera e parada de um outro móvel cujo curso, supõe-se, seja o do tempo. Assim, estruturar o universo é mais do que se adaptar a ele, às normas em vigor, às coisas estabelecidas - diz respeito não ao mundo
no qual somos apenas pontos, sombras sob a terra, flores que logo murcham, mas ao mundo dentro de nós, que é, ele sim, um pequeno detalhe em nossos universos pessoais, panos de fundo às existências.

A distinção que toda essa questão do tempo e da duração na infância determina o desenvolvimento psicológico da criança, separando o que ela aprende de fora (na escola e na família) e o “desenvolvimento espontâneo”, que é o desenvolvimento da inteligência, ela própria. É precisamente esse desenvolvimento que constitui a condição preliminar evidente para o desenvolvimento escolar e o aprendizado do mundo. Nessa relação tempo-desenvolvimento, ainda que fosse possível – e tudo indica que sim – apressar o desenvolvimento, não seria conveniente. O ideal da educação não é aprender o máximo, mas antes de tudo “aprender a aprender”. Não é o sucesso o critério adequado para mensurar-se o
desenvolvimento, como de resto coisa alguma; mas devemos entender por sucesso uma aptidão para se desenvolver nos ambientes mais diversos, através da maior variedade possível de obstáculos.

Sucesso, nesse sentido está absolutamente fora do que se entende por sucesso hoje, aceitação, vitória em ambientes sem corrente contrária, ao contrário, ser o mais aceito onde todos por definição já foram aceitos, a começar, no caso do Big Brother, pela própria produção do programa, e de um modo geral, pelo próprio ajustamento que nos faz normal", os ajustados a que se irão opor tantos os loucos quanto os gênios. Reperem que a saída de cada um da casa e um momento de glória, de delíro da "torcida". O show de uma falsa vida.

Disse Proust, em uma passagem de "Em busca do Tempo perdido", que todos ocupam um lugar no Tempo, sempre crescente, e todos o sentem. Não só todos sabem que ocupamos um lugar no Tempo como até mesmo os mais simples o medem aproximadamente, como se medissem o que ocupamos no espaço. Sem dúvida não raro nos enganamos nessa tarefa, mas o próprio fato de julgá-la possível significa que a concebemos mensurável. O que ocorre hoje é que a tarefa deixou de ser importante e, numa tentativa desesperada de ajustar-se, de impressionar, de ser aceito, o jovem (outrora o signo da rebeldia por excelência) queima etapas primordiais de seu desenvolvimento, e uma delas é exatamente a condição básica para o próprio desenvolvimento, o "aprender a aprender" e nisso encontrar seus próprios valores. Ao contrário, aprende-se a não aprender a aceitar o que lhe é sugerido (a bem da verdade, é preciso reconhecer que isso não pode lhe ser imposto, apenas sugerido, com persuasão talvez, mas ainda sugerido) pela sociedade em que o pilar é impressionar os outros e, isso, claro, numa cultura em que a mídia é
um Poder como os três outros, talvez maior, forte como o poder paralelo do narcotráfico, cultura onde uma câmera é o ídolo mais adorado, onde o show da realidade tem mais peso do que a realidade em si.

A educação de Proust seria assim, personificada, a educação que Piaget chama de espontânea, inclusive em sua ressalva de ser ela condição preliminar básica para a educação (escolar). Criança doente, carente, com sérios problemas afetivos, Proust desenvolverá sua inteligência na solidão e seu grande mestre será a experiência. Em idade escolar, seria uma criança a que hoje, com certeza, os psicólogos diriam apresentar distúrbios da aprendizagem, não sendo difícil inclusive diagnosticar as causas. O campeao do Bib Brother, ao contrário, deve ter sido um "sucesso" na escola, como mostram os músculos da mairia, e mesmo o fato de agora, que se sofistica, o programa inserir médicos e professores aa galeria da farsa (ah, mas uma farsa bem recompensada). Olhando o que as pessoas fazem para aparecer e o que as outras se permitem para alavancar essa motivação do outro, ainda mais impressionante é o fato de que, pelo prêmio, se deduz que as pessoas não se meteram em tal exposição por causa apenas do dinheiro, mas pela exposição em si, pelo exibicionismo, pela vaidade, que hoje pode ser satisfeita com nível cada vez menor de exigência duma obra correspondente ao sucesso.

Em outras palavras, nem se poderia dizer que é algo do tipo "o sucesso a qualquer preço", porque o preço não é lá esas coisas (o que um teria, se fosse?) e sucesso, a rigor, simplesmente não há. É uma escalada no nada, onde não haverá queda porque de fato subida, muito menos uma radicalç e perigosa, não houve. Proust viveu para expressar o seu mundo, seus livros foram seu confessionário, apesar do que as pessoas pensavam dele (e as mais das vezes não era nada de bom...). Se vivesse hoje, jamais conseguiria vencer um Big Brother, pela simples razão que não participaria de um. E, mesmo em seu tempo, seu livro foi rejeitado, talvez porque, de algum modo, o sucesso, entendido como vitória imediata e aparente, seja recusado pelo Tempo a
quem vá fazer sucesso depois da duração de seu Tempo, ao findar o seu desenvolvimento, na posteridade.

Rejeitado pelo seu tempo, Proust foi um dos maiores escritores de todos os tempos. Um inquestionável sucesso - dos autênticos.


Publicado por Ricardo durnate o desfile da Viradouro na Terça-Feira de Carnaval
 
 

credito do bloco abaixo:Dale carnegie Posted by Hello
 
 
"Did you ever see an unhappy horse? Did you ever see a bird that had the blues? One reason why birds and horses are not unhappy is because they are not trying to impress other birds and horses."


 
Sunday, February 06, 2005
 

Leilane Loise: Um exemplo do dito abaixo, as fotos de minha amiga e de sua filha num só rosto  Posted by Hello
 
 
Acho que desde que me entendo por gente (faz tempo...) tenho uma máquina de fotografia nas mãos. Quando morava na Joaquim Nabuco, no Rio, meu maior prazer era pegar minha Kodac instamatic (to vendo o mercado aqui e quem lembrar, se lembrar, vai decerto rir...) e sair, passando pela feira livre que havia toda terça aa frente do meu prédio, depois ir pras pedrass do Arpoador, clicando tudo o que o que via até se esgotarem as chamdas 36 poses...
Muito bem... O tempo passou, empobreci de marré marré. Na época, o Eurico Gaspar Dutra ia visitar meu avô e meu tio era íntimo do Ademar de Barros. Hoje, a máxima celebridade que frequento é um mendigo famoso de Copacaba. Mas ainda faço parte dessa elite que somos, os da net e mais que net, os dos sites de relacionamento. Ok.

Até outro dia, ainda valia a pena tirar as fotos e passar do papel pro escaner e desse pro desktop. Já naun dá mais. Nem escaner tenho. O que faço é passar na lan e fazer o transporte da imagem por dois reais. Dois aqui, dois ali, naun é pouco naun. Então, pensei no Photoshop.
Ora, os momentos que quero registrar saun em lugares que, 99% deles, estaun na net, e só dar uma googlada básica. Eu, bem, estou aqui e tenho uma fotenhas e tals. Entaun, o que faço é o seguinte: (exemplo nos meus albuns, a minha_foto no arpoador ao por do sol) Pego a imagem que será a primeira camada, o lugar. Trato de acordo com a luz que havia no momento. Colo as outras camadas pertinentes, eu mesmo, um detalhe da pedra, uma sombra... Saun aas vezes dezenas de camadas.
Naun dá pra identificar a foto original, até porque, uma vez que o faço, descarto-as todas. Me dei conta disso quando uma amiga pediu que lhe desse o original da foto tal (a mencionada), "sem os efeitos". Ora, não existe esse original. O original SAO os efeitos. O lugar, bem, dê uma máquina pra uma criança pequena e peça pra ela tirar uma foto "daqueles dois morros", a primeira camada será exatamente igual se fosse o Cartier-Bresson que trivessse tirado, porque o que resta no fim é apenas o contorno.

Então, lendo um artigo de um amigo numa outra comunidade, sobre os nao-autorees da net (grupo "Boa leitura), fiqeui pensando, eticamente, está correto o que faço? aí o mais engraçado: TODAS as vezes que quis creditar a primeira camada, simplesmente nao achei o nome do fotógrafo... Entaun resta isso: O momento era verdadeiro, estive ali no Arpoador naquele dia e momento, o sol se punha daquele jeito, enfim, a realidade era aquela. Mas naun há foto daquela realidade, apenas o registro via Photoshop.
Uma câmera digital sem dúvida resolveria meu problema de consciência, mas naun a posso agora adquirir, um, e dois: A questaun permancerá, pra outros, cujas montagens a gente vê aos milhares na net (e no caso sao montagens mesmo, pega-se uma foto de celebridade, uma de paisagem, e tome efeito, nada a ver com a vida pessoal do "fotógrafo" emn questaun.
É um caso pra se refletir... E, acho, muito mais a ver com bom senso do que com legalidade/ilegalidade. Porque, no caso dos nao-autores literarios (textos atribuidos a pessoas que jamais os escreveriam, em gerla de auto-ajuda ou mensagens de otimismo), nao há lei e todavia a memória, o espólio literário verdadeiro dos autores está de fato maculado. Aqui naun. Até porque, por razoes que naun cabem nesse texto, fujo de sites "oficiais" como photo.net, onde a briuga naun é por belas imagens, mas é choque de egos mesmo...



Publicada por Ricardo de Almeida Rocha
durante o desfile das escolas de samba na TV
 
 

Finding Neverland  Posted by Hello
 
 
Jonny Depp define em Em busca da Terra do Nunca uma situação existencial muito peculiar, que diz respeito aa criação artística e ao amor que a cerca. Digo ele define porque naun sei se outro ator o faria. O homem dissipa a vida em nome de uma obra de arte, e esse disspar implica em construir alguma coisa afetiva paralela. Nada há de mundano, de profano, de aprisionado (mesmo numa sociedade mestra em faze-lo). Sublimação perfeita. Fracassos, afetivos e artísticos, nada mais são que o combustível que leva adiante a obra prima, por um lado, e a felicidade, dentro dos limites possíveis, por outro. Nas formas comuns do amor, de resto, é o que se busca e só, ser feliz; ali não. O amor só existe em função do próprio amor, se será feliz ou triste, sabe Deus, o que importa é que, enquanto arter, frutique. Um filme, como de costume os de Depp, de todo elogiável, que habita um universo cada vez mais raro onde o comercio e a arte ainda subsistem, apaziguantes, de modo que, dentre outras coisas, como espectadores viciados na pobreza que o cinema comercial nos impõe, nos redima.
 
Saturday, February 05, 2005
 
E porque não espero mais um milagre, é como se as coisas passassem a me dizer serem elas próprias, todas, um milagre, e, assim, tudo eu posso esperar. Então, cheguei em casa, descansei, vi à tarde o sol e a chuva rápida da janela e agora este belo sábado de carnaval vai terminar num passeio pela orla junto às ondas semi-ouvidas, em meio aos transeuntes não percebidos. Vai ter um show de uma banda negra, vinda da África do Sul, mas com jeito de Jamaica, de mulheres, negras lindas, em pleno Carnaval, alternativas do Rio. E tudo ainda sobre o halo do reeencontro com o Val pelo Multiply que mais que isso foi um reencontrto comigo mesmo e meu passado no melhor jeito eliotiano tornado presente e futuro... O minha página no 1grau tb tem se mostrado uma bela opção de amizade e reeencontros sem falar na motivação para os textos (o Multiply tb, mas é auqela coisa do Orkut, bad bad server toda hora).
E afinal tudo terminará bem, porque a Dor que se recusa a apenas se dissipar na fuga, enfim, acaba se transmudando em celebração, e a vida será de novo vida, como antes.


Publicado por Ricardo Rocha
no sábado de carnaval de 2005, 17:50
 
 

Val e Lorena Posted by Hello
 
Friday, February 04, 2005
 
Carnaval...

Há uma luta de paixão em planos distintos, nos corpos unificados ou naqueles que pouco se tocaram, desmascarados uns e outros pelo mesmo beijo. A silhueta é vária e o rosto renasce no furor de cada nuance onde será a vítima imolada e também no falso altar erguido pela alegria alteada, e no amor que se tentou semear para se proteger de si mesmo e talvez se tenha conseguido. De incenso se embriaga a mãe que oferece o seio ao moribundo.

Em tudo se esconde a catarse, que é um passo para a felicidade e outro, maior, para o destino. Nenhuma beleza que fácil se entregue nem a luz visível demais é aquela que esperamos ao seguir a estrela. Nada temos a poupar, porque nada temos e, por isso, ainda nada também a perder. O amanhã desmentirá o hoje e o silvo das seis irá contrariar o ambiente em que o silvo das cinco se fez. A pulsação do mundo não pode ser programada, apresente quantas alegorias apresente. Um enredo de vaga e espuma, sem primeiro nem último dia, desconhece, figlia, o turismo sazonado, e a estada, figlio, se retirará pour morir.

Há uma poça de sangue dourado na passarela e um ônibus passando lotado pelo ponto. Será assim a mulher mais do que ela mesma se unirá à outra que ela é, apaixonada, triunfante, no limite a que escapamos com a idade, junto ao fogão de um ateliê e 'a desistência do hedonismo. O sol concebido ainda entra, a noite desfigurada logo vem. Ao conjugar o verbo das cavernas, busca-se a luz e acha-se o útero. Por que se reprimir? Fidelidade e paz são tão desnecessárias quanto um cachorro calmo e fiel. A música é mar e, só silente, se consuma. Não creia num deus que não goste de dançar; nem noutro, que de dançar precise .



 
Thursday, February 03, 2005
 
Inventamos sempre e sempre. A vida que não vivemos e aquela que atravessamos. Não importa o que façamos, sempre e sempre estamos inventando - um futuro feliz ou um passado que, se houvesse existido, nos teria feito felizes. Sem isso, não vivemos.


Imaginamos um rosto no rosto conhecido e, por força da falta do hábito, sonhamos com nossa iniciação nos transportes do amor. Somos de quem imaginamos ser mais do que seríamos de qualquer outra pessoa real; só em nossa imaginação as pessoas são reais.


Com o calor ocorrem pancadas de chuva à tarde, exceto no noroeste onde o ar volta a ficar mais seco, mas nada percebemos. Houve um golpe de Estado na Africa e no Brasil a atualização das projeções de exportações do complexo de soja brasileiro para 2005 apontou revisão para baixo na receita total estimada. Tudo acontece hoje. Mas ainda nos dedicamos a escrever, a inventar, a viver ontem e amanhã, a nos imaginar felizes. Seríamos alienados?


A noite é sempre a derradeira noite, o abandono. O cisne se oferece a qualquer um que tente compreender seu sacrifício. Deixa-se, aquieta-se no horto reticente. Levanta as asas, desce junto à árvore de frutos sagrados. Só precisa das asas e de um rosto que possa inventar, atrás da árvore, de cujos frutos não precisa; só precisa de alguém a quem possa se entregar, ao fazer real essa pessoa .


Como o cisne, não estamos aqui. Outrora e um dia, eis nosso lugar de felicidade. Precisamos da poesia. A magia das palavras e a busca da metáfora perfeita carregam nossas vidas nos fragmentos poéticos, escapando pela chaminé da fábrica em nossos escritos, que nem precisam fazer sentido, embora façam todo sentido. Não é uma escolha. De fato, se for uma escolha, já não será poesia.
 
Tuesday, February 01, 2005
 
A manhã subia gloriosa e eu não conseguia me levantar. À paisagem branca se agregou o brilho alaranjado do sol quando não se impõe de todo ‘as nuvens. A camada de sons dos prédios vizinhos se espargia sobre meu despertar, que deixava para trás os pesadelos recém enterrados. A incerteza em que se converteu minha vida ganhou uma conotação de vitória, numa simples mensagem que consegui escrever, pois não há vida vitoriosa, mas vidas que vão tendo pequenas vitórias ao longo de seus dias. O brilho do dia tudo apaga, até mesmo a treva mais teimosa, que se chama desejo de felicidade (porque a felicidade jamais virá de seu desejo, antes a paz nasce, ao inverso, da ausência desse desejo). Cada luz que saí na direção dos vales internos das montanhas, os nossos desígnios mais íntimos, leva essa esperança, de que a gente possa subsistir outro dia e até ser feliz, desde que, paradoxo essencial, isso não busque. Cada jornal na banca estampa uma ilusão e cada um escolhe a sua, e mesmo quem não lê jornais, ao ser assim, definiu também uma posição perante a vida, a saber, não há neutralidade possível. O dia tem autoridade sobre a escuridão porque traz o despertar, que tem autoridade sobre o sonho. Não há ficção possível para retratar a realidade, sempre mais rica, sempre viva; entretanto continuamos chorando pelas personagens das novelas, que não nos exigem compromisso. Está em nossas mãos fazer as coisas, mas o negamos, porque como de outra forma teríamos o argumento de que nada podemos e assim renunciamos ao fazer, ao Outro, permanecendo girando em torno de nossos umbigos? Somos tudo e tudo podemos. O amor tem autoridade sobre a luxúria como essa que a luz do dia entrando pela janela tem sobre meus pesadelos. O céu está dentro de nós; o inferno não é feito de fogo, mas de pensamentos humanos.
 
blog de Ricardo de Almeida Rocha Este ano: ricardr - rocha on the horizont mail: Ricardo

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